Seu coração batia no sentido do rio.
O Rio passava levando tudo que estivesse no seu curso.
Sua vontade era se atirar ao rio e deixar que ele o levasse.
Ficava sentado à sua margem sonhando seus sonhos, imaginando o mundo.
Tanta vida haveria para além daquela vila…
Tantos sonhos por realizar…
Quem sabe encontrar o amor…
Mas o medo trazia seu coração de volta ao peito e ele seguia sua vida pequena.
Seu trabalho monótono, seu namoro sem amor, seus dias vazios.
À noite seu coração batia mais forte e ele sentia um vazio que nada preenchia.
Tentava se convencer que ali era o seu lugar.
Mas nada tirava de sua alma a vontade de seguir em frente como o rio.
Sua vida estava passando e ele inerte.
Passou a infância…
Passou a adolescência…
Já era um jovem rapaz…
O medo do desconhecido o limitava.
Mas os sonhos em seu coração gritavam alto.
Queria muito mais que aquela vida monótona e miúda.
Encheu-se de coragem e lá se foi no curso do rio.
O universo era seu limite…
Apanhou da vida…
Comeu o pão que o diabo amassou…
Engoliu incontáveis sapos…
Mas venceu, teve inúmeras vitórias.
Estudou, trabalhou, lutou e se tornou importante.
Conheceu lugares que nunca sonhou.
Conheceu um grande amor.
Pensou que tinha realizado todos os seus sonhos.
A insatisfação continuava a tomar seu coração.
Tudo era um tédio.
Bens, dinheiro, sucesso, a vida de casado.
Ele se abriu ao universo e pediu luz.
Homem já na meia idade não sentia paz.
Decidiu voltar às suas origens.
Sentou-se ali à margem do rio.
Olhando suas águas correrem devagar sentiu que ali era o seu lugar…