Nádia Gonçalves

A cada dia cresço, esclareço e me transformo em prismas de puro brilho essenciais à minha alma.

Textos

O Buteco
No final da década de 1970, lá pelo ano de 1978,  a praça deu lugar aos barzinhos como ponto de encontro dos jovens. Pelo menos por aqui foi assim.
Até então somente os rapazes frequentavam os botecos, geralmente depois dos encontros na praça da cidade. As moças recatadas e de bem não iam aos botecos e barzinhos.
E assim surgiu o Buteco. Um nome inusitado e sugestivo. Simplesmente “Buteco”.
Era novidade e os pais das mocinhas de família não gostaram da idéia. Inclusive o meu.
Ele proibiu minha irmã e eu de frequentarmos aquele antro de perdição. Dizia que ali não era lugar pra moças de bem colocarem os pés. Havia bebida e drogas. Ponto final.
Mas lá estava todo o movimento da cidade. E as mocinhas não obedeciam a determinação dos pais, incluindo minha irmã e eu. E lá estávamos nós todos os finais de semana que incluía a sexta o sábado e o domingo. Fingíamos que obedecíamos nosso pai e ele fingia que acreditava que não íamos lá. Ou acreditava mesmo, sei lá.
Naquela época ainda havia um respeitoso convívio entre rapazes e moças e nada demais acontecia no Buteco. Apenas muita diversão e alegria. Encontros e desencontros.
A Universidade da cidade começava a crescer, se desenvolver e os estudantes também frequentavam o Buteco. Sempre havia clima de festa, de alegria. de confraternização.
O espaço não era muito grande e havia mesas tanto no lado de dentro como ao ar livre. E cada mesa era disputada pois estavam sempre cheias. Quem não conseguia uma mesa ficava de pé em rodas de conversas e muitas paqueras que poderiam se transformar em namoro ou terminar em um encontro.
Como era o único barzinho da cidade e os encontros na praça estavam em desuso, ele estava sempre lotado nos finais de semana. Muitas vezes os estudantes faziam roda de samba ou alguém com um violão improvisava um pequeno show.
Era um lugar muito agradável, sempre em clima de alegria e alto astral.
Quantas paixões começaram ali.
Quantos namoros que resultaram em casamentos.
Quantas desilusões.
Quanta alegria e descontração.
Tudo começava ali naquele lugar que exalava juventude, alegria, festa e vida.
Por muito tempo o Buteco foi ponto de encontro. A animação e alegria da juventude.
Quantas lembranças tenho daquele lugar encantado.
Quantas lembranças, por certo, muitos guardam até hoje.
O tempo passou e outros barzinhos surgiram. Mais modernos e aconchegantes. E a juventude foi se transferindo e abandonando o velho Buteco.
E assim, com o tempo, ele chegou ao fim.
Mas seguramente foi o melhor ponto de encontro que a cidade já teve e deixou saudade em todos que viveram aquele tempo de magia e encanto. De lindos encontros.
Guardo saudades de lá. Das festas, das rodas de samba, dos encontros que vivi, das alegrias e emoções.
Coisas que a juventude sabe muito bem viver e que ficam pra sempre gravados na alma.

Nádia Gonçalves
Enviado por Nádia Gonçalves em 20/08/2023
Alterado em 20/08/2023
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