Mais uma vez olhava a foto.
Nunca se cansava de admirar o lindo sorriso no rosto deslumbrante.
Belo rosto de debutante.
Tocou seu rosto como se pudesse trazê-la até si.
Mais um cigarro.
Mais um gole.
Sua cabeça girava.
No verso da foto a mensagem manuscrita.
Não. Não fora ela. Ele escrevera naquele dia distante.
“No salão a mais linda debutante desfilava.
Meu coração pulava no peito, mas estava triste.
Não seria eu seu par na valsa.
Pra sempre levarei nos olhos a imagem da debutante.
Pra sempre levarei no coração esse amor.
Mesmo que o seu amor jamais seja meu.
Minha bela debutante, por que desprezou um amor tão grande?
Um amor tão sincero?
Um amor que não se acaba?”
Passou o tempo.
Cada um seguiu sua vida.
Ela nunca lhe deu uma oportunidade.
Ele  sabia que  ela também queria.
Nunca entendeu os desígnios do destino.
Poderiam ter sido tão felizes.
Mas ela nunca lhe permitiu.
Ela nunca se permitiu.
Só lhe restava a foto roubada.
A mensagem escrita com o coração.
O cigarro.
A bebida.
A solidão.