Nádia Gonçalves

A cada dia cresço, esclareço e me transformo em prismas de puro brilho essenciais à minha alma.

Textos

Música, Música
"Música, Música
Companheira do quarto dos rapazes
Entre revistas e fumaça
Confidente do quarto das meninas
Entre calcinhas e sandálias
Música, música
Farol na cerração dos grandes medos
A força que levanta os bailarinos
Elétrica guitarra entre os dedos
Aflitos e quentes dos meninos
Música, música
Irmã, imã, irmã
Feroz como a ira do Irã
Ou mansa como o último carinho
Quando já chega a manhã
Música, Música"
(Letra da canção “Música Música” autoria de Abel Silva e Sueli Costa, interpretada por Simone)

“Quem inventou o amor
Teve certamente inclinações musicais…”
(Trecho da música “Inclinações Musicais” de Geraldo Azevedo e Renato Rocha)

Música, música…
O que dizer? Sem a música o mundo seria um tédio, uma tristeza.
Ela cabe em qualquer lugar. Está presente na natureza e no coração dos homens das mais diversas maneiras.

Acho que comecei amar música antes mesmo de nascer. Sempre gostei da maravilhosa música brasileira de qualidade onde aprecio, sinto a melodia e letra de cada canção. E elas vão entrando em mim e ficando arquivadas, ocupando pra sempre o seu lugar.

O rádio sempre esteve presente em nossa casa, ficando ligado o dia todo. Desde que era muito pequena ouvia meu pai cantarolar as suas músicas preferidas. Entre elas lembro de algumas que ficaram gravadas em minha mente como: “Serra da boa esperança, esperança que encerra, no coração do Brasil um punhado de terra…” ou “Tu és divina e graciosa estátua ma majestosa…” e muitas outras. Muitas vezes cantava à luz da lua cheia que tanto amava. Minha mãe também sempre cantarolava suas valsas preferidas, seus cantores preferidos e até hoje, aos noventa e cinco anos, se chegamos e começamos a cantar alguma música que ama ela acompanha e sabe toda a letra.

Fico imaginando como algumas músicas encantam as pessoas de maneira tão singular. Lembro que no inicio da década de 1970 meu irmão mais novo tinha dois anos.  Apaixonou-se tão intensamente pela música “Mammy Blue” de Ricky Shayne que quando começava a tocar ele corria sentava-se perto do rádio, colocava as duas mãos cruzadas sobre a mesa, apoiava o queixo nelas e ficava ouvindo, como se estivesse hipnotizado. A gente observava e ficava imaginando o que ele sentia. Talvez a explicação pra esse encantamento esteja na música de Mílton Nascimento e Tunai “Certas canções que ouço cabem tão dentro de mim, que perguntar carece, como não fui eu que fiz?...”

Quando tinha quatorze anos ganhei um rádio a pilha bem pequeno que se tornou meu companheiro inseparável. Na época por aqui só tinha AM e eu ficava procurando as melhores emissoras pra ouvir boa música. À noite e bem cedinho eu conseguia sintonizar a Rádo Mundial do Rio que tinha uma programação excelente. Desde então dormia com o rádio ligado com o som bem baixinho. Por muitos anos mantive esse hábito.

Quando comecei a trabalhar aos dezessete anos e já tínhamos aparelhagem de som em casa, comprava discos de vinil dos cantores que amava. Tenho minha coleção até hoje. Meus livros e discos me acompanham e espero que fiquem comigo enquanto eu viver.

No início dos anos 1980 comecei a ouvir a emissora de rádio do Estado de Minas Gerais, Rádio Inconfidência FM, a Brasileiríssima. De primeira qualidade só tocava música brasileira. Lá se ouvia músicas novas e antigas dos melhores cantores. Um espetáculo. Até que mudaram tudo por lá e já não tinha a mesma qualidade. Tudo foi mundano e já há muito tempo não dá mais pra ouvir rádio. Sinto saudades dos tempos em que era prazeroso ouvir rádio.

A música dos anos 70 e 80 é excelentes e imbatível até hoje. Infelizmente a boa música brasileira não está se renovando e me recuso a chamar o que muitos fazem hoje em dia de música.

Não vivo sem a música. Ouço meus discos de vinil, meus CDs e escolho as minhas preferidas nas mídias digitais. Faço aulas de canto pra educar minha voz. Amo cantar.

A música segue encantando o mundo e tocando as pessoas. É capaz de marcar de tal maneira momentos, encontros e ocasiões que pelo resto da vida quando se ouve a canção volta-se no tempo e revive o acontecimento.

Fico pensando se  a música ultrapassa o mundo físico e se após a morte os espíritos e almas podem se deliciar com boas músicas.
Música, música…
Nádia Gonçalves
Enviado por Nádia Gonçalves em 12/07/2024
Alterado em 19/07/2024
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras