AbstraçãoPerdida em seus devaneios ela imaginava tanta coisa, mas uma barreira imaginária os mantinha afastados. Queria lhe dizer:
“E se um dia eu chegasse e beijasse sua boca tal qual você me beija com seu olhar? E se me fosse permitido tocar seu corpo como seus olhos tocam o meu? Seria sublime abraçar sua alma como seu olhar abraça a minha. Então eu te enlaçaria e prendia eternamente. E se ao cair em meus olhos seu olhar se perdesse pra sempre em mim? E se eu te devorasse tal qual você me devora com seu olhar? Seria belo falar-te de amor tal qual você me fala com seu olhar. Então eu roubaria seu coração e guardaria pra sempre dentro do meu. Por que você não é meu tal qual seu olhar? Por que não se perde em mim como os seus olhos? Seu olhar me consome, me perde e me prende. Seus olhos dizem sim, mas você foge como um menino assustado.”
Ela teria movido céu e terra por ele. Teria enfrentado o mundo se fosse preciso. E ele se acovardou, preferiu fugir e seguir sua vida sem graça, sem sabor, sem amor.
Ela chorou um dia, uma semana, meses. Depois ergueu a cabeça, desanuviou os olhos e seguiu em frente. Era forte. Um dia a imagem e o olhar dele sairiam dela pra sempre. Ele seguiu com sua covardia. Semblante triste mesmo quando sorria, olhar embaçado, sem brilho. Ela nunca saiu de sua retina, de seu pensamento, de seu coração.
Uma vida só seria pouco pra tanto amor, mas seria preciso outra vida pra que aquele amor se tornasse possível.
Nádia Gonçalves
Enviado por Nádia Gonçalves em 19/11/2024
Alterado em 19/11/2024 Copyright © 2024. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |