Chegaste como uma cachoeira que cai da montanha depois das chuvas
Forte, selvagem, trazendo a energia de fontes invisíveis
Eu, pedra seca ao sol, me deixei banhar em teu toque e me fizeste preciosa
Teu olhar tinha o brilho do sol, teu sorriso a luz da lua
Beijaste-me como quem morde fruta suculenta e saborosa
Tuas mãos viajaram em meu corpo como quem desbrava um continente
Detendo-se em cada curva, cada monte, cada vale
Em teus braços meu corpo era terra sem fronteira
Teu corpo se misturava ao meu como se fôssemos um
Minha boca, sedenta, explorava tua pele arrepiada, sentindo teu sabor
Desbravaste-me por inteiro invadindo docemente meu corpo que tremia
A noite nos guardava em cumplicidade e admiração
O vento prendia a respiração para não interromper nosso ritual
Nosso leito era altar onde nos fazíamos de oferenda de pele e sussurros
Teu corpo caiu sobre o meu num infinito gemido de prazer
Não se contava o tempo, havia apenas a eternidade efêmera
Onde éramos terra, fogo, água e ar
Éramos terra, céu e mar
Se o mundo todo desaparecesse ainda assim estaríamos aqui
Nesta promessa silenciosa onde um corpo reconhece o outro
No infinito das horas febris…